“Olé de nuevo”: Começa a XXIII Bienal de Flamenco em Sevilla

A XXII Bienal de Flamenco de Sevilla começa essa semana na capital hispalense e promete ser uma verdadeira imersão no universo do flamenco. A Bienal acontece desde 1980 e, desde 2015, nos anos ímpares, acontece o “Septiembre es Flamenco”. Essa será a primeira vez em que vou participar da Bienal e estou super ansiosa para ver a cidade respirar Flamenco 24/7 e ver artistas que sempre tive vontade de ver no palco, como Israel Galván e Rafaela Carrasco.

A Bienal compreende concursos de Flamenco, shows com os principais artistas do circuito flamenco em 12 teatros e espaços culturais da cidade, além de programações paralelas em vários outros pontos da cidade. A Bienal também é uma ótima oportunidade para aproveitar os workshops com maestros que não costumam dar aulas regulares, como Manuel Liñán e Olga Pericet, por exemplo.

Segundo o portal oficial de turismo da Espanha, Spain Info, “a seleção e programação do evento são realizadas por um consórcio composto por uma comissão artística, formada por cinco figuras relevantes do mundo do flamenco; e uma comissão consultiva, composta por dez especialistas que aconselham sobre os espetáculos e atividades paralelas à Bienal, como cursos, conferências, palestras ou seminários”.

Sob nova direção

O jovem jornalista Luis Ybarra, atual diretor da Bienal de Flamenco de Sevilla, assumiu o cargo com um grande desafio: equilibrar as tradições do flamenco com inovações que atraiam novos públicos. Embora tenha sido uma escolha que inicialmente gerou algumas críticas por sua pouca experiência em gestão cultural, Ybarra já era conhecido no mundo do flamenco como jornalista e profundo conhecedor do gênero.

Para a edição deste ano, Ybarra destaca que a programação é diversa e equilibrada, contando com artistas icônicos como Juana la del Pipa e Israel Galván, que representam tanto o flamenco tradicional quanto o vanguardista. Um dos seus focos é valorizar o cante flamenco, que, segundo ele, precisa de maior destaque nos festivais, onde o baile normalmente domina.

Além disso, ele busca aproximar a Bienal dos moradores de Sevilla, levando espetáculos para diferentes bairros da cidade, e mantendo a essência intimista do festival, evitando que ele se torne um evento massivo e perca sua identidade artística. Ybarra também está empenhado em ampliar o alcance do festival internacionalmente, sem sacrificar a qualidade ou a essência do flamenco puro, especialmente o cante, segundo a entrevista concedida por ele ao jornal Diario de Sevilla.

“Olé de nuevo”

O cartaz da Bienal de Flamenco de Sevilla 2024, criado pelo renomado artista Miquel Barceló, mistura tons pastéis e botânicos, com a figura central de uma bailarina, homenageando grandes nomes do flamenco, como Camarón de la Isla e Paco de Lucía. Sob o lema “Ole de nuevo”, a 23ª edição, que ocorrerá de 11 de setembro a 5 de outubro, será um reencontro emocionante com Sevilla, a cidade berço do flamenco.

A programação conta com mais de 50 artistas, 62 espetáculos, incluindo 17 estreias exclusivas, destacando apresentações únicas de artistas como Miguel Poveda, Farruquito, Eva Yerbabuena, e estreias de Manuel Liñán e Joaquín Grilo. A Orquestra Sinfônica de Sevilla será responsável pelo encerramento com uma versão de “Carmen”, coreografada por Israel Galván. A Bienal promete celebrar tanto mestres consagrados quanto novas gerações do flamenco.

Grandes nomes como Dorantes, Manuela Carrasco, Arcángel, Israel Fernández e Aurora Vargas vão colaborar e dividir o palco com novos talentos, oferecendo uma troca rica de experiências entre gerações.

A programação busca ser equilibrada, incluindo homens, mulheres, artistas ciganos e não ciganos, além de figuras populares e autênticas. Reflete a ideia de que o flamenco, por natureza, é moderno, desde a tradição de Juana La del Pipa até a vanguarda de Israel Galván e La Tremendita. Mesmo os espetáculos mais tradicionais são inovadores. Alguns arriscam ao trazer, por exemplo, seis cantores de mais de 70 anos para o Alcázar. “Quero que a Bienal seja acessível ao público geral, sem parecer uma cultura exclusiva”, afirma Ybarra na mesma entrevista ao Diario de Sevilla.

A programação completa da Bienal pode ser acessada no site oficial do evento.

Otros olés

A XXIII Bienal de Flamenco de Sevilla anunciou suas atividades paralelas sob o título “Otros Oles”, complementando o tema oficial “Ole de nuevo”. Essas atividades acontecerão durante o mesmo período das atividades oficiais, e têm como objetivo levar o flamenco a todos os cantos da cidade, incluindo bairros históricos e áreas periféricas.

Entre os destaques, há sessões de cinema com documentários sobre grandes figuras do flamenco, como Antonio Mairena e as irmãs Fernanda e Bernarda. O ciclo de literatura flamenca também terá espaço, com apresentações de livros e diálogos sobre a conexão entre o flamenco e a literatura.

Além disso, o evento contará com espetáculos ao ar livre, gratuitos, em locais icônicos como a Alameda de Hércules e os Jardins de Murillo. Um dos momentos mais marcantes será o flashmob na Plaza de América, liderado pelo Ballet Flamenco de Andalucía, homenageando Paco de Lucía.

Essas atividades visam envolver não apenas os aficionados por flamenco, mas também o público geral, proporcionando uma experiência acessível e imersiva na cultura flamenca. A programação completa está disponível no site DeFlamenco.com.

Conclusão

A XXIII Bienal de Flamenco de Sevilla promete ser um espetáculo de diversidade, tradição e inovação, trazendo à tona a rica cultura flamenca em todos os seus formatos. De estreias exclusivas a workshops imperdíveis, a Bienal se consolida como um evento de grande importância tanto para veteranos quanto para o público jovem. Este ano, o festival vai além dos teatros, levando o flamenco aos quatro cantos de Sevilla, com atividades inclusivas que capturam a essência deste patrimônio cultural. Sem dúvida, será uma experiência inesquecível para todos os apaixonados por este gênero fascinante.

Como é a primeira vez que vou viver essa experiência em Sevilla, prometo tentar captar cada detalhe das atividades em que vou participar (não serão tantas, já que ainda

não tenho patrocínio para este blog. Rsrs). Participarei de algumas atividades oficiais, paralelas e alguns cursos também e tentarei trazer uma perspectiva mais “brasileira” de tudo o que eu estiver vivendo por aqui, além de trazer sites oficiais onde vocês poderão acompanhar as últimas novidades da Bienal.